5 de Novembro de 2008
Nosso papel
Fim das eleições. Nossa rotina volta ao normal. Panfletos e promessas suspeitas e inexeqüíveis só voltam ao nosso mundo daqui a dois anos. Agora é relaxar, certo?
Longe disso. É hora (sempre é) de ficarmos atento. Acompanhar todos os passos de quem assume. Seja no executivo, seja na câmara. O secretariado escolhido e suas metas, as medidas que proporcionarão o cumprimento das propostas de campanha, a conduta ética, tudo sob avaliação crítica e responsável.
E não se trata de obrigação do cidadão. É direito. Inquestionável direito. Ou alguém que deixa sua carteira para outros gastarem não se importa com o destino das próprias finanças? Não toma satisfação?
Sim, “carteira”. É o nosso suado dinheirinho que eles administram e têm a obrigação de destiná-lo aos interesses nossos – educação, saúde, lazer, infra-estrutura, desenvolvimento da região e que tais.
Cada centavo malversado é uma escola sem livro, um posto de saúde sem remédio, uma rua esburacada…
Esporte é lazer e saúde
Eu não me empolgo com a realização da copa do mundo no Brasil, mesmo minha cidade estando no páreo para receber jogos do evento. Também não me comove a idéia de o país sediar uma olimpíada.
E digo isso com a condição de quem acompanha esportes em geral. Vibro com as legítimas, inefáveis e éticas conquistas desportivas – brasileiras ou não.
A idéia de que eventos como esses trarão benefícios em forma de inversões em infra-estrutura só se justifica se houver vultoso capital privado. Afinal, o Estado não precisa sediar um mundial ou jogos olímpicos para investir em obras que modernize o país – é sua obrigação fazê-lo.
Outro tópico: a gestão do esporte brasileiro não é das mais indicadas. Clubes de futebol falidos e atletas de outros esportes com imensa dificuldade em se prepararem para as competições mostram que há algo de errado.
Errado porque o futebol faz parte da nossa identidade, e como tal representa uma força enorme de mercado, com indubitável capacidade de captação de investimentos. Errado porque o esporte brasileiro tem se beneficiado, ao longo dos últimos anos, com recursos provenientes de leis de incentivo.
Sem falar que ainda se esperam respostas sobre os jogos pan-americanos – custos difíceis de entender, instalações sem uso, melhorias na cidade que não aconteceram.
Ademais, o foco da política de esporte do Estado é equivocado. Obraria bem a administração pública, caso se preocupasse mais com leis de incentivo e investimentos que privilegiassem a prática esportiva do cidadão comum- escolas, projetos e espaços nas cidades dotados de infra-estrutura adequada para tal fim.
Esporte significa lazer – um direito do cidadão. Esporte traz saúde. Quem o pratica seguramente é mais saudável. O que leva a inferir que investir na atividade desportiva da população é um inteligente programa de saúde preventiva.
Só depois de assumir o esporte como lazer e saúde, o país pode pensar em competições, medalhas e títulos.